terça-feira, 22 de junho de 2010

Quase um quinto dos brasileiros exagera na bebida, diz ministério

Abuso do álcool é maior entre os homens, mostra estudo.Número de fumantes caiu e de obesos aumentou, afirma governo.
Iberê Thenório Do G1, em São Paulo

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21) pelo Ministério da Saúde aponta que quase um quinto da população brasileira exagera nas bebidas alcoólicas. Segundo dados levantados por telefone em entrevistas com 54 mil adultos, o número de pessoas que abusaram do álcool subiu de 16,2% em 2006 para 18,9% em 2009.
Para o ministério, foi considerado excesso de bebida alcoólica cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres. Segundo o levantamento, no ano passado 28,8% dos homens e 10,4% das mulheres beberam demais.
Em nota divulgada à imprensa, a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, afirma que, considerando apenas a população masculina, o índice do Brasil (28,8%) é superior ao do Chile (17%), Estados Unidos (15,7%) e Argentina (14%).
“Esse nível de consumo de bebida é bastante elevado e preocupante, pois é fator de risco para acidentes de trânsito, violência e doenças. Mas nem sempre isso é lembrado porque o álcool está presente na cultura brasileira, associado ao lazer e à celebração”, diz.
Abuso
Apesar de altos, os números de abuso de bebida são inferiores aos recolhidos por uma pesquisa divulgada no início do ano pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que ouviu 2.346 pessoas em 142 cidades espalhadas pelo Brasil entre 2005 e 2006.
Segundo o estudo, 48% dos brasileiros não costuma beber álcool, mas 28% dos entrevistados contaram tomar cinco ou mais doses por vez durante os últimos 12 meses – intervalo mais longo do que o analisado pelo Ministério da Saúde.
"O Brasil tem um perfil problemático. A maior parte do consumo é feita fora de casa. E se você consome grandes volumes fora de casa, vai ter problemas como ser atropelado, dirigir e beber, violência, homicídio", descreve o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Uniaid (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas) da Unifesp.
A pesquisa, que será publicada na próxima edição da "Revista Brasileira de Psiquiatria", também mostra que homens abusam mais – 40% deles são adeptos do "binge drinking", contra 18% das mulheres –, assim como os mais jovens (40%).
Segundo Laranjeira, o álcool consumido em poucas quantidades diárias não causa grandes problemas. "Mas se em vez de você beber um copo de vinho uma vez por dia, beber sete no sábado, pode ter uma gastrite, ficar hipertenso", explica.
O estudo também revelou que, dentro da população brasileira adulta, 3% bebem álcool de forma abusiva – quando ingerem mais de duas doses por dia – e 9% se revelaram dependentes de álcool.
Para reverter esse quadro, Laranjeira sugere que se cobrem mais impostos sobre as bebidas alcoólicas. "Poderia ser cobrada uma licença para venda de bebidas alcoólicas, que poderia reverter para programas de prevenção e tratamento de dependência química", sugere.
Tabagismo e obesidade
Ainda segundo o Ministério da Saúde, de 2006 a 2009 o percentual de fumantes no Brasil caiu de 16,2% para 15,5%. Em 1989, 33% da população fumava, segundo o IBGE.
Mas no mesmo período a proporção de pessoas com excesso de peso subiu de 42,7% para 46,6%. A categoria “excesso de peso” engloba sobrepeso e obesidade. Sobrepeso é a situação em que o índice de massa corporal (IMC) é igual ou superior a 25 e menor que 29. A pessoa é obesa quando o IMC supera 29. O cálculo do índice é simples: divide-se o peso pelo quadrado da altura. Por exemplo, quem tem 1,85 de altura e pesa 80 kg tem IMC igual a 23,4. (O cálculo só vale para quem tem de 20 a 60 anos.)
O percentual de obesos cresceu de 11,4% para 13,9% entre 2006 e 2009. A prevalência da obesidade entre homens quase triplica do grupo etário de 18 a 24 anos (7,7%) para 55 a 64 anos (19,9%). Quando se levam em consideração só as mulheres, o índice aumenta mais de três vezes na comparação das duas faixas etárias: de 6,2% para 21,3%.

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