terça-feira, 24 de novembro de 2009

Juíza defende clínicas para recuperar dependentes químicos


Agência Câmara - Reportagem - Oscar Telles - Edição - Newton Araújo
Elton Bomfim
Especialistas destacaram que em 90% dos casos de violência doméstica os agressores estão drogados.
Em seminário nesta terça-feira na Câmara, a juíza Maria Isabel da Silva, titular da Vara de Violência Doméstica e Familiar, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, defendeu a criação de clínicas para recuperação de alcoólatras e dependentes químicos.
"Em 90% dos casos de violência doméstica, os agressores estão sob efeito de substâncias entorpecentes", disse a juíza no seminário sobre dependência química promovido pela Comissão de Seguridade Social e Família.
Ela observou que, quando se trata de família abastada, o caso pode ser encaminhado para tratamento numa clínica particular. Mas, quando a família é pobre, resta à Justiça uma única decisão: mandar o agressor para o cárcere.
Isabel defendeu ainda, como forma de prevenir o uso das drogas, a criação de creches e escolas púbicas em tempo integral para crianças e adolescentes.
Violência doméstica
Segundo José Luiz Telles, representante do Ministério da Saúde, mais de 50% da violência doméstica está relacionada ao consumo de álcool. Ele disse ainda que as substâncias psicotrópicas estão presentes em variados graus em todas as camadas sociais. Em 2008, informou, pesquisa revelou que 31% dos entrevistados disseram que dirigem mesmo depois de beber um pouco.
Telles elogiou a Lei Seca (Lei 11.705/08), que reduziu a zero a tolerância com a combinação de direção e consumo de álcool. "A Lei Seca é uma legislação que não pode baixar a guarda", afirmou. No primeiro ano de vigência da lei, de acordo com o Ministério da Saúde, o número de óbitos por acidentes no trânsito caiu 22.5% - o total de mortos caiu de 3.519 para 2.723.
Prevenção e tratamento
A diretora de Articulação e Coordenação de Políticas sobre Drogas da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Carla D'albosco, afirmou que o Senad tem 9.038 instituições cadastradas que trabalham com prevenção do uso de drogas. Segundo ela, 25 mil educadores já foram capacitados e estão sendo realizados cursos para a capacitação de mais 25 mil, em 2009.
Por sua vez, José Luiz Telles informou que o Ministério da Saúde está ampliando o tratamento do consumo/dependência de álcool e de outras drogas no Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, acrescentou, está qualificando os hospitais menores para atender a esse público.
José Luiz Telles também comentou sobre o projeto Consultório de Rua, que verifica a possibilidade de tratamento do viciado. Nesse projeto, segundo ele, estão sendo investidos R$ 1,2 milhões.
Já o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), criticou o governo por não ter coragem de abolir a propaganda de cerveja na televisão. O parlamentar disse que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, elaborou um projeto nesse sentido, mas o governo o engavetou.

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